Diante do que parece ser tão certo, Camila Brait prefere se proteger com a sombra da dúvida. Por carregar a experiência de um sonho frustrado, a líbero adota a cautela antes de fazer qualquer plano. Com dois cortes às véspera das Olimpíadas, em Londres e Rio, prefere esperar até ver seu nome na lista final de José Roberto Guimarães rumo aos Jogos de Tóquio.
– Acho que certo ninguém está, na verdade. A gente tem que mostrar na bola, e eu estou preparada, vim com cabeça boa. Eu quero brigar pelo meu lugar, eu quero estar lá.
Em Saquarema, no Centro de Desenvolvimento do Vôlei, Camila anda ao lado do maior motivo para que seu nome na lista final de José Roberto Guimarães seja algo tão provável. Durante os treinos rumo às Olimpíadas, a Confederação Brasileira de Vôlei permitiu que as jogadoras levassem seus filhos ao centro de treinamento. Assim, em um período de isolamento ainda maior por conta da pandemia de coronavírus, Camila tem aproveitado os momentos de folga ali dentro ao lado de Alice, de 3 anos e sete meses. Desde o nascimento da pupila, a jogadora se viu livre do peso da ansiedade e se tornou absoluta na posição nas últimas temporadas.
– Eu acho que a minha vontade de ser mãe era tão grande que, às vezes, acho que tirava um pouco o foco por ainda não ter conseguido. Então, acho que depois que eu fui mãe, eu relaxei. Consegui realizar meu maior sonho e consegui conciliar muito bem a vida de atleta e de mãe. Eu fiquei mais alegre comigo mesma, mais confiante e consegui transferir isso para a quadra.
Camila também credita a boa fase a uma mudança de comportamento dentro de quadra. Ao voltar mais leve após ser mãe, Camila também conseguiu preencher uma lacuna sempre cobrada pelos técnicos, fosse Zé Roberto, na seleção, ou Luizomar de Moura, no Osasco.
– Acho que, depois que eu fui mãe, eu consegui ter uma liderança um pouco maior, que era uma coisa que os técnicos cobravam muito, tanto o Zé, quanto o Luiz. Eles cobravam que eu comandasse mais, que eu até brigasse, se precisasse, que falasse mais. Tanto é que, depois que eu fui mãe, minhas últimas três temporadas foram boas no clube. Então, acho que a Alice só veio para somar.
Zé Roberto concorda. O técnico da seleção vê a jogadora em sua melhor forma desde a volta às quadras após ser mãe.
– Camila Brait, hoje, é uma jogadora que está atravessando um período muito bom em termos de maturidade, de tranquilidade, de uma forma completa. Principalmente depois que se tornou mãe, que veio a Alice. Fez boas Superligas, voltou para a seleção em 2019, depois de dois cortes difíceis emocionalmente. Mas Camila foi uma jogadora que nunca desistiu, que sempre tentou. Vejo a Camila muito mais solta. Ela está em sua plenitude – disse o técnico.
O trauma dos cortes está ali, claro. Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, a ausência na lista final era esperada. Fabi era a titular absoluta na época. Camila, porém, chegou a viajar com a seleção como uma possível substituta de Natália, que tentava se recuperar de uma lesão. Nos Jogos do Rio, perdeu a vaga para Léia, na reta final da preparação. Agora, tenta esquecer o passado para poder sonhar com o futuro.
– Eu amadureci em vários sentidos na minha vida. Não só pessoal, mas como profissional também. E acho que se chama reacendeu. O Zé me ligou, a gente conversou bastante e acho que ainda falta isso para mim, para eu completar a minha carreira com todas os campeonatos que eu queria disputar. Nos meus melhores sonhos, conseguindo ganhar as Olimpíadas, né? E, se não conseguir, pelo menos uma medalha. Acho que essa medalha, independentemente da cor, vai ser muito importante. Com certeza, vai ser uma alegria muito grande.
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